Quando ainda se espalhavam comentários sobre as denúncias judiciais apresentadas pelo Ministério Público em Paracuru, por prováveis irregularidades cometidas no processo de construção do abatedouro desta cidade, instalou-se e está muito bem ativo um campo de mineração de areia na beira do caminho de barro que se convencionou chamar de estrada do lixão e dentro dos limites territoriais deste incômodo vizinho do matadouro.
Uma ágil escavadeira e algumas caçambas, de proprietário não declarado pelos operadores, removem a areia do local e a transportam para as proximidades do novo terminal rodoviário e para o canteiro de obras da escola profissionalizante em execução pelo Governo do Estado. A vala explorada tem extensão maior que um quarteirão, com três metros de profundidade.
A área do lixão é propriedade da administração pública municipal, instituído com finalidade específica e não poderia ter seu território arenoso explorado por particulares. Ainda que se admitisse algum tipo de exceção, -- digamos, por interesses relevantes, -- ficaria implícita a expedição de licenças específicas e as respectivas afixações para visibilidade obrigatória no local. Do ponto de vista da higiene e da saúde pública, o aproveitamento de areia contaminada com chorume de monturo fere as normas legais.
Deposição desta areia em canteiros de obras resulta em sua comercialização, -- pois os custos de todos os materiais de obras licitadas estão inclusos nos respectivos orçamentos contratados. Ademais, o serviço público e seus contratados não poderiam receber doações ou hipotéticas benevolências do tipo, se fosse, absurdamente, o caso -- daí por que esta mineração se afigura ainda mais irregular e suspeita. Por outro lado, ou melhor, pelo mesmo lado da cratera -- sem responsável até agora identificado -- as próximas chuvas farão descer de roldão para a referida vala o mal conservado caminho de barro por onde circulam pedestres e veículos, inclusive os de transporte do matadouro, e de lixo domiciliar e hospitalar.
Esta não é a primeira vez que a areia contaminada do lixão é pirateada. Em passado recente, houve uma agressiva investida nas barreiras da lagoa de decantação dos esgotos da cidade, no lado direito da ação atual, -- cujas marcas de fuga de umidade ainda estão visíveis no reservatório de matérias orgânicas em decomposição, como se constata na foto abaixo.¬ A areia daí subtraída foi utilizada na formação de aterro e de sub-base para calçamentação na sede municipal.¬
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