A comoção tomou conta de amigos e moradores de Croatá, distrito de São Gonçalo do Amarante, onde foi realizado o enterro de padre Josenir. Ele foi lembrado por sua alegria e pela obra realizada na Igreja
27.10.2010| 01:30
Como bem lembrou a canção do diácono Nelsinho Correia, só se tem saudades do que é bom. Se a multidão lotou a capela de Croatá, distrito de São Gonçalo do Amarante, e “chorou, não foi por fraqueza, mas porque amou” padre Josenir Morais Santana, de 48 anos. O sacerdote foi encontrado morto, com um tiro, em um carro da Arquidiocese de Fortaleza, em São Luís do Curu, na madrugada de segunda-feira. A missa e o enterro foram marcados pela comoção e por inúmeras homenagens ao homem que foi responsável por construir a capela, atrair os jovens e trabalhou com grande amor pela comunidade.
Deixou de herança também o sorriso, a alegria de ser Igreja, a amizade. Uma missa de corpo presente às 8 horas, celebrada pelo arcebispo auxiliar Dom José Luís, tornou a capela pequena para tanta gente que queria se despedir do padre, que era tido como “filho, pai e irmão” pelos moradores do distrito. Logo após a missa, foram iniciadas as homenagens pela própria comunidade.
Padre José Davi Martins da Silva, amigo e pároco de Pentecoste, lembrou o homem alegre, assumiu o microfone e cantou canções que falavam do “amigo de fé, irmão camarada”. Lembrou também a canção favorita de padre Josenir e fez a multidão lhe acompanhar em coro: “Minha vida é andar por esse país/Pra ver se um dia descanso feliz/Guardando as recordações/Das terras onde passei”. Enquanto isso, as pessoas se aproximavam do caixão e diziam, por meio de palavras ou gestos, a falta que o padre deixava. “Vou morrer de saudade. Não, não vá embora”, dizia uma das canções entoadas.
Em meio às lágrimas, a multidão fez com que a manhã lembrasse o padre. “Defeitos? Nós lembramos, mas não vamos conseguir lembrar dele chorando. Nós só vamos lembrar dele sorrindo. Ele escolheu Croatá porque aprendeu a amar intensamente e todos aqui se tornaram sua nova família”, dizia o padre Leonardo Bezerra, vigário paroquial de Caridade e amigo de padre Josenir. Fiéis também falaram à multidão agradecendo ao padre por sua obra.
Enterro
Por volta do meio-dia, a a comunidade seguiu com o caixão em direção ao Cemitério Público de Croatá. Os homens se revezavam ao transportar o caixão e as mulheres levavam as coroas que homenageavam o padre. Por volta das 13 horas, foi realizado o enterro. Padre Haroldo Coelho, amigo de Josenir e padrinho de sacerdócio, pediu que a comunidade exigisse justiça às autoridades para encontrar o culpado pelo crime. “Para que a população saiba de quem foi a mão ou as mãos assassinas que sacrificaram nosso querido padre Josenir”, cobrou emocionado.
Lucinthya Gomes
lucinthya@opovo.com.br
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