sexta-feira, 14 de maio de 2010

Crônicas da minha terra.

Por: Dr. Paulo Mourão, filho de Paraipaba.
Quem nunca parou para lembrar do lugar em que viveu a sua infância e adolescência!!!
Quem nunca lembrou dos anciões que conversavam do tempo antigo, das viagens à cavalo, das festas da padroeira.
Sei que muitos têm essas lembranças e que cada uma é recordada com saudosismo e um suspiro bucólico.
Me lembro das manhãs de domingo. Acordava com zoada dos feirantes e a cantoria dos cantadores de viola. Sentia o cheiro das espigas de milho sendo assadas ou cozidas quando era época da sua colheita. Levantava ansioso para ver os piões pois era o tempo de brincar com eles o tempo da raia já tinha passado. Bença mãe, bença pai!!! Deus abençõe era o que eles respondiam.
De casa eu via o neguinho do coloral, baixinho, bem moreno do sol, mais desde que me entendo por gente ele e sua família vendião coloral. Ao seu lado o seu Luiz vendia o famoso bolo de batata doce, comprava sempre lá, que bolo gostoso, me dê mais um pedaço!!! Com os colegas ia passeando pelo mundo da feira. Passava pela banca de bozó e via quem perdia e ganhava apostando no seu time. Logo saia e passava pela banca de roupas onde via as meninas, pois era o local preferido delas. Quando a fome batia ia merendar na barraca do seu Chico onde tinha caldo de cana bem docim e um pastel daqueles. Já satisfeito saia pelo mundo da feira, o meu mundo nos domingos. Os meus colegas ficavam tudo aperriado quando viam os pião de jucá, esse é o melhor, pois aguenta as bicadas, diziam eles. Eu tinha o meu e realmente era resistente.
Quando pensava que já tinha visto tudo, voltava para ver os cantador, gostava da rima, era bom de ouvir, um brincava com o outro. Cada palavra virava uma frase, hoje sei que muitas palavras eram ditas erradas, mas o que importa se eu entendia tudo e o que menos importava para o mundo da feira era a gramática da cidade grande. Tá perto de acabar!!! gritava um vendedor de banana. Era hora de baixar os preço comentava a mulher com uma sacola vazia, que esperava esse momento para enchê-la.
No final, o caminhão vermelho que ficava em frente ao Otacílio Moreira, começava a buzinar, era o sinal da partida. O sol quente mostrava que era mei dia, hora de ir embora. O homem da cobra era uns dos últimos a subir no caminhão, ficava sempre arrudiado de gente para ver a dita cobra, mas antes ele tinham que vender a sua pomada que servia para tudo. Ele falava mais que os cantador, com uma espécie de gancho no pescoço, essa invenção segurava o microfone, assim ele fazia o seu alarde. O som ruim das caixas de som improvisadas fazia ecoar a sua voz de locutor de futebol. Ligeiro em falar e mais rápido ainda para vender o seus produtos.
O caminhão vai embora, as barracas ficam vazias, o povo está em casa, o mundo da feira agora se acalma para voltar a viver no próximo domingo, com seus personagens e sons que povoam a minhas lembranças.

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