domingo, 11 de abril de 2010

Recuperação da passagem-molhada do Poço Doce é estadual. A Prefeitura de Paracuru só revela isto. Nada, nada mais!


Uma obra pública, -- não caracterizada por nenhum tipo de
placa de licenciamento ambiental da Semace nem de regularidade
pelo CREA, nem mesmo de identificação da fonte de recursos de
custeio, valor e da construtora responsável, -- é esta aí, a de
recuperação do centro da passagem-molhada no rio Curu, fronteira
dos municípios Paraipaba e Paracuru, distrito de Poço Doce.
A história desta passagem se arrasta no tempo como escoadouro de
dinheiro federal alocado, ano após ano, nas brechas dos remendos
de sua estrutura. Desta vez, não sofreu a pressão das águas, que inverno
está fraco e parece que vai continuar assim. Mas, foi
arrombada à força de máquina na quinta-feira da semana passada,
sem os anúncios típicos da administração pública.

A notícia, comentada neste blogue, foi replicada na rádio local Sol Poente.
Num já conhecido despreparo para o exercício da absoluta
transparência do fazer administrativo, como peça de uma pirâmide
hierárquica permeada pelo autoritarismo passado ainda presente,
o engenheiro e empreiteiro José Maria Ribeiro Ribeiro de Albuquerque,
o Peninha, Secretário de Infra-estrutura de Paracuru, foi esclarecer
alguma coisa sobre a obra, -- estranhamente iniciada de supetão, sem o
oba-oba de sempre -- nas ondas da indiretamente subvencionada rádio
comunitária Mar Azul, cuja exclusividade da fala oficial foi festejada
no estúdio, como credibilidade que lhe dá (à emissora) o poder público...

O Secretário disse que se trata de uma atividade emergencial
custeada pelo Governo do Estado, atribuindo ao deputado
José Jácome Albuquerque, o Zezinho Albuquerque,
a captação dos recursos pertinentes. Enfatizou a autoridade
municipal que a obra foi licitada, que está tudo dentro da
lei etc. e tal. Só não disse quanto custa, quem ganhou a licitação,
nem se é a vencedora que está no canteiro de obras ou se
uma subempreiteira qualquer, como, aliás, é comum aqui em
Paracuru Afinal, compete a sua secretaria, a Seinfra,
o conhecimento, acompanhamento, fiscalização e,
por que não? esclarecimentos sobre essas coisas.





Frente&Verso voltou ao local, ontem, para conferir o cenário e sua evolução.
Filtrou que o pedaço demolido da passagem-molhada será feito em 45 dias.
Emprega menos de uma dúzia de pessoas da localidade. Os próprios operários
não sabem ou não querem dizer para quem trabalham, nem mesmo quem
lhea vai pagar os salários. Não está sendo feita nenhuma sub-base nova
fortificada. É aproveitada a já existente.
As partes côncavas que restaram dos manilhões destruídos semana passada
são que nem calhas superficiais ora preenchidas com pedras lascadas,
para assentamento de novos manilhões e um recheio de concreto
simples com areia grossa e cimento.


Quer dizer: desde que o centro da passagem arrombou a primeira vez,
há 10 anos, de lá pra cá o dinheiro federal alocado periodicamente para
sua
construção -- e não remendagem, -- vinha sendo lavado, ou melhor,
levado pelas águas em forma de simples aterro de pedra lascada,
piçarra, confeitado seu coroamento com cimento e às vezes
uma tintura de asfalto. A diferença entre o passado e o presente
meio oculto é que não será um aterro, mas uma parede de
contenção para segurança das manilhas e do respectivo entorno.

Queiram ou não queiram seus opositores ideológicos, uma leitura
dramática da peça desta passagem-molhada, em cenário só
aparentemente novo, leva à lembrança do ex-prefeito
José Ribamar Barroso Batista, o
seu Ribeiro. Ele, que
assinou ordens de serviços e pagou as obras de recuperação
das avarias da ponte do Poço Doce com dinheiro carreado
pelo deputado José Pimentel, falou mais ou menos premonitoriamente
na rádio comunitária, no apagar das luzes do seu último mandato:
-- Quando eu deixar de ser prefeito e algum dia eu fizer essa ponte,
nunca mais ela vai cair... Parece que ela não deverá derreter-se
tão facilmente como no seu tempo, mas ainda não se sabe quem
a executa... E, pelo que se ouviu, nem a Prefeitura...

Só um porém conspira contra os próximos carnavais ou outros invernos:
uma mineração de areia grossa
(observar o alto da foto superior)
-- cujas placas de licenciamento são uma vencida e outra
visivelmente rasurada, escava profundamente na altura da calha
do rio Curu, inclusive a lateral da famosa passagem-molhada...
Tudo, sem intervenções ou a ouvidos moucos das autoridades
estaduais ou municipais...

Fonte: Blog Frente & Verso - Jornalista: JFLUZ

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