A passagem-molhada sobre o Rio Curu, que interliga os municípios Paraipaba e Paracuru, no distrito de Poço Doce, foi seccionada, nesta Quinta-feira Santa, pela prefeitura do lado de cá, para substituição do remendo que é feito todos os anos, somente pós-inverno, quando a correnteza do rio rompe a estrutura sempre no meio, como ponto de convergência da pressão fluvial. Se a passagem é remendada depois de sofrer avarias, ou se antes, como agora, não vai fazer diferença nenhuma. A estrutura todos os anos arromba, não pelo tamanho do inverno em si, mas porque a qualidade das obras de recuperação aparenta a intenção de que tal fato se repita. Toda vida é a mesma coisa no rasgo do meio: despejo de pedra lascada, cobertura de piçarra, e de areia escavada na lateral da própria estrutura, malhação manual, acabamento de cimento como arremate de obra concluída. As previsões de chuvas abaixo da média para este período não seriam a motivação para a aparente antecipação oficial de um evento que já é conhecido como a ponte que caiu de novo? Só que, agora, a ponte ainda não caiu, mesmo porque o piso ainda não tinha sido sequer lambido pela língua d'água. |
DE MANHÃ, UMA COISA; DE TARDE, OUTRA Muita gente transpõe todo dia e a toda hora a passagem-molhada do Poço Doce, indo e vindo entre os municípios siameses Paracuru e Paraipaba. Quem passou por ali na manhã de ontem, quinta-feira, numa boa, ficou surpreso no retorno depois do meio-dia ou no final da tarde: havia interdição do local, para reparos.
PNEUS E PATAS Quem estava no pé-dois não encontrou dificuldades, porque o dique formado na descida da correnteza isolava a fenda central da ponte e dava vau, isto é, passagem. Os motoqueiros são muitos nessas bandas e se dividiam entre indiferenças e esporros. Uns arriscavam patinar no barro do buraco e transpor declive-aclive na marra. Bestas de carga, cavalos de sela não tiveram dificuldades, porque já estão no costume de caminhos ruins.
A estratégia da prefeitura em acionar uma empresa ou algum empreiteiro para realizar trabalho deste tipo no feriadão da Semana Santa deve ter sido embasada na presunção de que o tráfego pelo Poço Doce seria quase nenhum, em virtude do longo recesso do feriado. Engano!
COMUNICAÇÃO FALHA O que em todo o dia de quinta aconteceu de meia-volta entre camionetas e automóveis, tanto do lado da Paraipaba como do lado de Paracuru, -- nativos, visitantes e turistas, -- não teria sido levado em consideração nas previsões da prefeitura. Se desaforo, nome feio e chateação se equiparassem a pedágio, o remendão da ponte ia sair de graça, ainda com lucro.
'Tá na cara que as placas de interdição não seriam desenhadas na hora. A obra municipal estava pré-programada. E ninguém tomou conhecimento de sua realização, da interdição, nem de nada. Não seria demais expedir um aviso dirigir ao público nas rádios locais.
OUTRA MINERAÇÃO Estranhamente, na lateral leste da passagem-molhada há escavações, como imensa mineração de areia grossa, que mais cedo ou mais tarde se transformará em leito do rio, pelo aprofundamento e nivelamento da sua calha, relativamente rasa.
A pilhagem de areia em Paracuru já se tornou caso crônico, motivo por que o Frente&Verso voltará a este assunto oportunamente, a partir de pretensa licença ambiental para exploração do local das ombreiras da ponte que não caiu..
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