Situada às margens do Rio Curu, Paraipaba tem sua história marcada pela enchente de 1964, quando seu deslocamento para uma planície mais alta e mais segura tornou-se inevitável.
Porém, a maioria dos seus moradores não conhece a sua História, talvez porque o Perímetro Irrigado, principal responsável pela formação da cidade, tenha arregimentado seus irrigantes dentre os diversos Municípios do sertão cearense.
PARAIPABA VELHA
O atual Município de Paraipaba era conhecido anteriormente como Passagem do Tigre, em virtude de um tigre que por ali passou e com este nome é citado no Decreto n.º 1156 de 04 de setembro 1933. Cinco anos mais tarde e através do Decreto Lei n.º 448 de 20 de dezembro de 1938, passa a chamar-se apenas Tigre, pertencendo ao então Município de Anacetaba (hoje São Gonçalo do Amarante), denominação, segundo o historiador Raimundo Girão em homenagem a antigas aldeias de índios anacés que ocupavam aquela área. Novo Decreto Lei nº 1114 de 30 de dezembro de 1943 mudaria esta denominação para atual Paraipaba.
Assim, Paraipaba é um nome indígena e significa água corrente. Por ocasião do projeto de mudança de topônimos de cidades e vilas cearenses, missão confiada a uma comissão constituída pelo Engenheiro Paulo Torcápio Ferreira e secretariada pelo Dr. Mozart Soriano Aderaldo, foram sugeridas as denominações de Caruaçu, igual, em Tupi, a seixo rolado, e a de Almécegas, uma árvore resinosa e nome de conhecida lagoa das proximidades, mas as sugestões não foram aceitas.
Sua população vivia da caça, pesca, agricultura, extrativismo vegetal (cera de carnaúba) e criação de caprinos, apenas para a subsistência da população que não passava de 1.200 habitantes. Fato polêmico é quanto a origem dos primeiros habitantes da Passagem do Tigre. Uns dizem que eram três irmãos da família Ferreira de Paiva que vieram juntamente com suas famílias do Rio Grande do Norte, supostamente escorraçados por Virgulino Lampião e seu cangaço. Outros dizem que foram visitantes que simplesmente se apaixonaram pelo lugar.
DE PARAIPABA VELHA À PARAIPABA NOVA
O inverno de 64 prometia uma boa safra. Porém, logo no início, as chuvas não cessavam e em poucos dias as plantações e casas que ficavam às margens do rio Curu foram alagadas e os moradores tiveram que se deslocar da Velha Paraipaba para casas de parente e amigos, alguns no vilarejo do atual Monte Alverne (bairro de Paraipaba), outros na cidade de Paracuru.
Naquela época já havia algumas casas onde é situada a cidade de Paraipaba e isso facilitou a mudança da população que procurava parentes e amigos moradores da planície mais alta. A água do rio não parava de subir e com isso mais e mais pessoas ficavam desabrigadas. O prefeito de Paracuru, senhor Francisco Batista de Azevedo, decretou estado de calamidade pública. Veio então a Defesa Civil que juntamente com a Prefeitura de Paracuru ajudou na mudança da população.
O lugar ficou quase deserto, plantações foram perdidas e casas foram arrastadas pelas águas. Além de toda tragédia uma veio marcar para sempre esse episódio de nossa história. Para salvar a vida de uma criança, morre o soldado Evaristo Gomes, da policia militar (hoje em sua homenagem, há uma rua com seu nome). Depois de quarenta dias, as águas baixaram e algumas famílias começaram a voltar e passam a viver em condições precárias. Outros não querem se arriscar por temerem uma nova enchente; procuram então um lugar mais alto para construírem suas casas, pois, estariam livres de um sofrimento futuro. Fica assim dividido o povo que habitava a Paraipaba Velha (nome dado a Passagem do Tigre) e a Paraipaba Nova, que alguns anos depois se reúnem novamente na Paraipaba Nova.
A CONSTRUÇÃO DA NOVA PARAIPABA
Começa aqui o desenvolvimento da Nova Paraipaba. As terras pertenciam aos Srs. José de Paiva, Vicente Ferreira de Paiva, Manoel Teixeira Lima e Antonio Eusébio de Sousa Moreira, doadas generosamente para a população mais carente. Começaram a trabalhar no plano da construção da nova cidade, os Srs. Francisco Batista de Azevedo, Manoel Simplício de Sousa, Raimundo Nonato Oliveira, Otacílio Moreira de Sousa, Raimundo Moreira Barroso, Afonso Barroso Cordeiro, o Padre José Olavo Rodrigues (vigário da Paróquia de Paracuru) e o Conselho Comunitário de Paracuru dentre outros. Estes deram total apoio e lutaram contra aqueles que resistiam à mudança do lugar.
Houve também uma valiosa ajuda do DNOCS que já se encontrava aqui desde 1957, quando o mesmo se encarregou do desmatamento e das mudanças. Além disso, construiu 92 casas, 2 poços profundos e um mercado central. No dia 1º de Novembro de 1964, foi celebrada a 1ª missa pelos padres José Olavo Rodrigues, José Naury Braga e o Bispo Dom José Delgado. A solenidade aconteceu por ocasião da Festa de Santa Rita de Cássia (padroeira) e foi realizada em terreno ainda não destocado e por isso denominada nesse ano de Festa do Toco. Para marcar o início da criação da cidade, foi colocada a pedra fundamental pelo Prefeito de Paracuru, Francisco Batista de Azevedo, na presença de várias autoridades: Francisco Lourival Paiva Azevedo, Francisco Paulino, Afonso Barroso Cordeiro, Manoel Simplício de Sousa, Otacílio Moreira de Sousa, Raimundo Moreira Barroso, Manoel Ferreira Lima, além de toda a população que assistia atentamente.
Houve também uma valiosa ajuda do DNOCS que já se encontrava aqui desde 1957, quando o mesmo se encarregou do desmatamento e das mudanças. Além disso, construiu 92 casas, 2 poços profundos e um mercado central.
HISTÓRICOS DOS DISTRITOS
CAMBÔAS
Camboas, distante 7 Km da Sede do Município de Paraipaba e com população é estimada em 2.200 habitantes, oferece uma das mais belas paisagens e revela um paraíso a ser explorado: a bela praia de Capim-Açu. Suas principais atividades econômicas são: agricultura, a pesca (água doce e salgada) e o comércio. Porém, este Distrito já bem conhecido, teve seu lado negro na história, segundo seus primeiros habitantes. Lembram dos freqüentes alagamentos que sofriam em virtude de suas casas serem instaladas bem próximas da margem direita de uma grande porção d’água chamada Camboas, daí a origem de seu nome. Nos anos de 1964 e 1965 todas as famílias foram obrigadas a deixar suas moradias, sendo transferidas de balsas e canoas para lugares mais altos onde conseguiam salvar alguns pertences e seus animais.
Retornavam após as águas baixarem e o que viam era somente muita destruição. Em menor número, as casas de tijolos desmoronavam com muita facilidade e não mais eram reformadas. As de taipa, estas em maior quantidade eram recuperadas utilizando-se, quase sempre, palhas de coqueiro e areia do morro. Diante de tantos problemas, a população foi percebendo que aquela área não lhe oferecia mais uma perspectiva de futuro tinha mais muita coisa a oferecer. Decidiram então se fixar em local mais seguro, definitivamente. A partir de 1965 começava a se delinear um novo horizonte. Com o apoio do padre José Olavo, os Srs. Pedro Leite e Zuca Martins, deram inicio ao processo de distribuição das terras formando uma nova comunidade, desta vez em área segura e longe dos problemas vividos no passado.
A nova Camboas já tinha como referência o antigo Juazeiro, árvore sob a qual foi celebrada a 1ª Missa e onde eram realizadas as reuniões que contavam com a participação do Tenente Valões e do Deputado Estadual Ernande Uchôa Lima. Entre os vários assuntos discutiam-se principalmente as medidas dos lotes, quantidade de moradores que iriam se instalar, incluindo o trabalho de mutirão que deveria ser desenvolvido na área. Após a doação dos lotes foi iniciado o destocamento para implantação das primeiras residências, dentre elas as dos Srs. Manuel Januário de Sousa, João Barbosa Bento, Chico Cabral e outros. Posteriormente, aconteceu o desmatamento da estrada que daria acesso aos Patos dos Tabosas e que favoreceu a via do primeiro transporte de carga e passageiros pertencente ao Sr. Oldemburgo Barroso Braga.
A partir deste momento novos passos seriam dados com vistas ao processo de atendimento das necessidades básicas. Preocupado com a educação das crianças e jovens o Sr. Pedro Leite solicitou ao então Deputado José Firmo de Aguiar um grupo escolar para a nova localidade, sendo em tempo breve atendido e inaugurado em 1968 na Administração do Prefeito de Paracuru José Carvalho.
BOA VISTA
Localizada a 14 Km da Sede de Paraipaba. Antes chamada de Castipero.
Uma professora, chamada Maria da Luz, organizou um time e eles procuraram um nome e gostaram de Boa Vista. Vindo a cidade ser chamada de Boa Vista.
A primeira igreja foi construída no ano de 1980, pois as missas eram celebradas no grupo pelo padre de Paracuru (Luiz). Ele conseguiu uma ajuda e construiu a igrejinha que recebeu a imagem de São Pedro. Que já existia na cidade na casa do Sr. Pedro Félix.
Os moradores vivem da agricultura e da “marca” (ponto de cruz).
No ano de 1968 aconteceu um fato, que foi um espanto para todos. Na madrugada do dia 22 de maio uma lagoa que era apoiada no morro sumiu, como eles dizem: anoiteceu e não amanheceu nesta noite ela foi para o mar, ficaram muitos peixes, eram tantos que se estragaram.
LAGOINHA
A origem do nome Lagoinha é devido ter várias lagoas, tendo uma muito reconhecida chamada de Pau Dentro.
Os primeiros donos foram Antonio Barroso de Souza e Josefa Maria Gonçalves (no ano de 1844).
Moradores mais antigos: Domingos Cruz e a família Cordeiro. Uns sendo descendentes de ingleses e portugueses.
A primeira igreja foi construída por Francisco Henrique de Azevedo em 1938, tendo como padroeira Nossa Senhora dos Prazeres.
Destaque maior: a belíssima praia, onde em julho acontece sua maior atração, a tradicional regata, colorindo os densos coqueirais e as bicas naturais.
PROJETO DE IRRIGAÇÃO CURU/PARAIPABA
O Perímetro Irrigado Curu-Paraipaba, está localizado no Município de Paraipaba-CE, no Vale do Rio Curu, á 90 Km de Fortaleza, Capital do Estado.
A operação do Perímetro teve início em 1975 com a alocação de treze rurícolas em caráter experimental no Setor D-1. Em 1987 houve o assentamento regular de 521 agricultores na 1ª Etapa do Projeto. A 2ª Etapa teve sua operação iniciada em 1988 composta de 285 lotes agrícolas.
A superfície total do projeto é 12.346 há, com 8.000 há de superfície irrigável. O lote familiar é formado de um lote agrícola medindo em média 3,22 há e de um lote habitacional (quintal) com 0,86 há.
As famílias assentadas no Projeto têm como atividade a exploração agropecuária de seu lote, onde as principais culturas desenvolvidas são: coco, cana-de-açúcar, mamão, laranja, abóbora, melancia, milho, feijão, mandioca, banana, acerola, graviola, goiaba, manga, capim elefante, maxixe, melão etc.
Até 24/10/91, o Perímetro foi administrado, operado e mantido pelo DNOCS, através da Gerência do Perímetro. Após esta data o DNOCS transferiu as atividades de Administração, Operação, Manutenção, Apoio a Produção do Perímetro, ao Distrito de Irrigação Curu-Paraipaba, através da celebração do Convênio Nº PGE - 070/91, fls 132/138, ao tempo que foi criada a EFAT/VCA - Equipe Fiscalização Assistência Técnica do Vale do Curu/Acaraú, composta de servidores do DNOCS.
FONTE: LIVRO PARAIPABA E SUA HISTÓRIA
AUTOR: AFONSO BARROSO CORDEIRO
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