Quem não se lembra do conhecido político carioca Anthony Garotinho e de sua esposa Rosinha Mateus, ambos, ex-governadores do Estado do Rio de Janeiro, que emplacaram como expoentes do mundo evangélico. No seu livro “virou o carro, virou minha vida”, Garotinho fala da sua conversão ao cristianismo, mais especificamente de sua filiação ao reino dos crentes, narrando sua mudança de vida.
A partir desse momento deu-se início ao “EFEITO GAROTINHO”, que promoveria a busca desenfreada por parte dos evangélicos ao poder. Usei pela primeira vez esse termo na extinta Rádio Paraipaba em um programa evangélico, na ocasião me manifestei contra tal posicionamento dos crentes em relação à política nacional, estadual e municipal. Não me posicionei de forma contrária por simples capricho. O que me motivou foi a falta de fundamentação para o discurso de Garotinho e de outros pseudo lideres evangélicos. O discurso de que “CRENTE VOTA EM CRENTE” foi à falácia criada na época para que os cristão-crentes votassem nos candidatos crentes a cargos eletivos e tudo que estivesse ao alcance dos mesmos. E os resultados dessa aberração todos sabem, o grau de corrupção aumentou e diversos escândalos foram proporcionados, só para não deixar de citar, você deve lembrar-se dos “sanguessugas”. A conseqüência é percebida nas eleições de 2006 e 2010 (contexto estadual e nacional) e nas eleições municipais de 2008 o número representantes de deus foi escasso. Inclusive na Câmara de Vereadores de Paraipaba.
Fiz questão de me referir a esse episódio do “EFEITO GAROTINHO” porque ele ainda se manifesta nos meios evangélicos. Como na época de Garotinho, que era candidato a Presidente da República, no recente pleito presidencial, novamente o discurso evangeliquês se manifestou. Não com a faceta de que “crente vota em crente”, mas que os crentes deveriam votar no candidato que era contra o aborto. Todos nós ouvimos ou lemos algo com relação ao tema. Essa abordagem deu o tom no segundo turno das eleições presidenciais. Nomes conhecidos no mundo dos crentes como Silas Malafaia, Manoel Ferreira, José Wellington, figuraram como cabos eleitorais. Inúmeros pastores se mobilizaram. No Ceará o mais do midiático dos pastores, Gesse Góis, recebeu em um Buffet (Bárbaras) os representantes do candidato tucano. Em seu programa fez um apologia direta ao candidato derrotado José Serra. Nessa comédia trágica, o mais hilariante foi o discurso elaborado para apoiar o Senador eleito Pimentel por partes de muitos crentes. A frase eleita pelos inescrupulosos foi à história bíblica que conta a luta de Davi contra Sansão. Na prática, Davi seria Pimentel e Golias seria Tasso Jereissate.
Não sei se todos sabem que sou um crente, e por esse motivo me revolto contra tamanha ignorância que há nos arraiais da cristandade. Homens que deveriam ser exemplo para muitos usam de suas posições para manipularem gente humilde e de boa fé somente para alimentarem seus ventres cobiçosos. Para ficar claro, não desaprovo crente, cristão ou professo de qualquer religião a se envolver com política partidária. O que condeno são pessoas que tem uma iminência no segmento social que representam como formadores de opinião, para formar massa de manobra. Acredito que pastores que querem candidatar-se devem deixar seus ministérios e outros que estejam na mesma posição façam o mesmo. E se querem apoiar um determinado candidato façam com a maior transparência possível, não usando de expediente condenável, utilizado por pessoas sem a mínima condição moral.
É ridículo um pastor, em praça (Praça do Ferreira) pública e em nome de Deus, dizer que o mesmo escolheu fulano de tal para presidente, como fez o dep. federal Pedro Ribeiro, lembrando que o seu candidato não foi eleito. É ridículo que um pasto (Henrique Jorge) em uma rádio de Fortaleza dizer que Deus revelou ao mesmo que o prefeito de Fortaleza seria Moroni, na época candidato ao cargo, e não a atual prefeita.
Como, crente, advogado, professor, acredito que a política pode ser praticada por todos os cidadãos, inclusive os crentes. Mas essa abordagem religiosa adotada pelos evangélicos é burra e desprovida de argumento racional, devendo ser rejeitada até pelos ateus e mais céticos, pois esse deus por estes é minúsculo e bastante conhecido.
Dr. Paulo Mourão
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