terça-feira, 3 de novembro de 2009

Eleições 2010 movimentam cenário político no Ceará

Partidos aliados ao governador se articulam para definição de vagas


Até então convicto de que disputaria uma das cadeiras do Senado nas eleições de 2010, o deputado federal Chico Lopes (PCdoB) já não dá como certa a candidatura. Diz preferir a re-eleição, por considerá-la “mais fácil” de ser garantida. E o pivô desse recuo é um aliado tanto de plenário quanto das alianças locais: o deputado federal Eunício Oliveira (PMDB), já tido como eleito para muitos.
As declarações do comunista foram concedidas ao O Estado em entrevista, no Aeroporto Internacional Pinto Martins. Ele também citou os nomes do ministro José Pimentel (PT) e do senador Tasso Jereissati (PSDB) como candidatos que poderiam frustrar os planos do partido de conseguir mais uma vaga no Senado. Hoje, o PCdoB tem em Inácio Arruda seu único representante.
Por conta disso, argumentou que a decisão final ficará com a cúpula regional, comandada pelo recém re-eleito presidente Carlos Augusto Diógenes – o Patinhas. “Tem muita gente forte. Ainda não sei [se opta pela re-eleição ou sai para o Senado]”, pontuou.
Apesar da ponderação, Lopes adotou uma postura similar a de Tasso Jereissati dentro do PSDB quanto às eleições do ano que vem. Semana passada, o tucano disse estar disposto a fazer o que for preciso para levar a legenda de volta ao poder – até tentar o Governo do Estado, pela quarta vez.
Chico Lopes fez apenas uma pequena adaptação. “Postulo o cargo que o presidente decidir, inclusive ao Senado Federal. Eu sou um homem de partido e, como tal, vou cumprir aquilo que a mim for determinado”, assinalou. Acrescenta que o seu próprio partido é a favor da chapa de Eunício Oliveira por conta da predileção do governador Cid Gomes (PSB), pelo peemedebista.
E foi justamente esse apoio do Palácio Iracema que o deputado apontou como condicionante para o PCdoB sair vitorioso numa possível disputa pelo Senado. “Todos os últimos senadores, inclusive o Inácio, tiveram o apoio do governador de plantão. Quem for candidato e não tiver o apoio declarado do governador não vai ser eleito”, previu.
O parlamentar cogitou até que outro nome do PCdoB – que não o dele - seja indicado para a sucessão. Com isso, assegurou que, nos bastidores, as lideranças comunistas levam à exaustão o debate em torno da possibilidade da agremiação lançar o segundo nome da base de apoio a Cid Gomes para o Senado. O PT também reivindica o posto. “Vamos lutar para termos candidato ao cargo. Mas, precisamos combinar com o governador”, admitiu.
QUARTA PRECISA SER DISCUTIDA

Esse “acordo” com Cid também foi destacado pelo deputado federal Paulo Henrique Lustosa (PMDB). Para ele, a coligação de 2010 já tem três dos quatro cargos majoritários destinados a partidos da base.
O Governo permaneceria com o PSB (Cid); a Vice-governadoria com o PT (Francisco Pinheiro); e uma das cadeiras do Senado com o PMDB (na figura de Eunício). O “problema” estaria justamente no nome que acompanharia Oliveira na chapa, pois até o PSDB pleiteia o reforço do Executivo para re-eleger Tasso Jereissati. “A quarta vaga, que não tem definição ainda, precisa ser discutida”, defendeu, colocando-se contra os petistas ficarem com a vice e também lançarem candidato ao Senado.
Lustosa levantou a bandeira de que, se o PT colocar mesmo o ministro José Pimentel ou qualquer outro representante na concorrência pelo Senado, a Vice-governadoria deve ficar com outro aliado. Semana passada, a virtual futura presidente dos petistas, prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, assegurou que a legenda vai sair com candidatura para o cargo e vai brigar para continuar sendo o braço direito do governador.
Ela vaticinou que isso independe dos acordos a serem feitos daqui pra frente. “O quê eles têm de especial para ficarem com as duas vagas da chapa majoritária. Não são nem o maior partido do Ceará”, alfinetou Paulo Lustosa.
Por fim, o peemedebista colocou-se contra o PMDB cearense já declarar apoio à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). O deputado colocou a candidatura do deputado federal Ciro Gomes (PSB) à Presidência da República como fator determinante. “Eu não fui consultado sobre essa questão. Por isso, não aprovo esse apoio”, rechaçou.

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