Por: Antonio Oliveira
Derrotado nas eleições de 2010, na disputa pela reeleição, o ex-senador Tasso Jereissati está de volta à cena política após assumir, no último sábado, a Presidência do Instituto Teotônio Vilela, órgão de pesquisa e estudos do PSDB. Tasso, em entrevista ao Jornal O Estado de São Paulo, disse que as articulações que antecederam a convenção nacional do partido mostram o clima de disputa, mas a sigla saiu fortalecida.
Tassso defende que, em 2014, o PSDB realize prévias para escolher o candidato do partido à Presidência da República. Disse, ainda, que passou o tempo do coronelismo em que os candidatos eram impostos pelos caciques. Veja abaixo a entrevista do ex-senador Tasso Jereissati.
O ex-presidente FHC reconheceu que até pouco antes da convenção o partido estava brigando. Afinal, o PSDB saiu rachado ou renovado?
Todos os partidos têm embates, isso não é novidade. Houve um embate sim, mas acho que saímos da convenção renovados, e não rachados. Eu entendo que essa disputa foi uma renovação. O partido sai dela com muito mais vitalidade e força para fazer oposição e construir nosso projeto de poder.
Mas José Serra não levou o que queria.
Não acho que teve perdedor. O dia a dia vai mostrar que não houve um derrotado e sim um ganhador, que foi o PSDB. Um partido não pode ser morno com todo mundo acomodado em seus lugares. Um partido como o nosso, há oito anos na oposição, tem que ser quente mesmo, ter os exaltados.
O formato do Conselho Político deixa Serra confortável?
Essa história de deixar São Paulo ou deixar o Ceará confortável é uma linguagem um pouco antiquada, que pressupõe donos e coronéis no partido. O Serra é, sem dúvida, uma das maiores lideranças de São Paulo e do Brasil e ninguém deixa de reconhecer isso. A questão não é São Paulo. É o Serra que, por sua personalidade, liderança e história, tem que ter uma posição importante, de deliberação. O Conselho formaliza essa senhorialidade que ele tem naturalmente dentro do partido.
Apesar dos discursos em nome da união, as divisões internas não desapareceram.
Você conhece algum partido que não tenha disputa interna, seja no Brasil ou no exterior? As primárias nos EUA são o exemplo clássico disso. A disputa entre a Hillary e o Obama foi duríssima. Aqui não chegou nem perto disso. Foi bom ver um partido que está querendo viver, participar, ter seu lugar nessa política sufocante de governo. Esse governo tem uma base fisiológica gigantesca que procura sufocar a minoria de oposição que está fora dessa órbita.
O confronto interno entre Serra e Aécio significa que o PSDB vai fazer prévias presidenciais?
Sem dúvida existem diferenças neste processo que ninguém pode negar. Sempre fui defensor de prévias e a favor da disputa. Levantei o assunto quando presidia o PSDB. De fato, quando houve disputa entre Serra e Alckmin, FHC, Aécio e eu tivemos que tomar a decisão. Vi ali que essa decisão de caciques está ultrapassada. Isso vinha da época dos cardeais tucanos que tinham poder absoluto no partido, pela liderança incontestável que tinham. Mas esta fase já passou. A fórmula envelheceu; está vencida
Tassso defende que, em 2014, o PSDB realize prévias para escolher o candidato do partido à Presidência da República. Disse, ainda, que passou o tempo do coronelismo em que os candidatos eram impostos pelos caciques. Veja abaixo a entrevista do ex-senador Tasso Jereissati.
O ex-presidente FHC reconheceu que até pouco antes da convenção o partido estava brigando. Afinal, o PSDB saiu rachado ou renovado?
Todos os partidos têm embates, isso não é novidade. Houve um embate sim, mas acho que saímos da convenção renovados, e não rachados. Eu entendo que essa disputa foi uma renovação. O partido sai dela com muito mais vitalidade e força para fazer oposição e construir nosso projeto de poder.
Mas José Serra não levou o que queria.
Não acho que teve perdedor. O dia a dia vai mostrar que não houve um derrotado e sim um ganhador, que foi o PSDB. Um partido não pode ser morno com todo mundo acomodado em seus lugares. Um partido como o nosso, há oito anos na oposição, tem que ser quente mesmo, ter os exaltados.
O formato do Conselho Político deixa Serra confortável?
Essa história de deixar São Paulo ou deixar o Ceará confortável é uma linguagem um pouco antiquada, que pressupõe donos e coronéis no partido. O Serra é, sem dúvida, uma das maiores lideranças de São Paulo e do Brasil e ninguém deixa de reconhecer isso. A questão não é São Paulo. É o Serra que, por sua personalidade, liderança e história, tem que ter uma posição importante, de deliberação. O Conselho formaliza essa senhorialidade que ele tem naturalmente dentro do partido.
Apesar dos discursos em nome da união, as divisões internas não desapareceram.
Você conhece algum partido que não tenha disputa interna, seja no Brasil ou no exterior? As primárias nos EUA são o exemplo clássico disso. A disputa entre a Hillary e o Obama foi duríssima. Aqui não chegou nem perto disso. Foi bom ver um partido que está querendo viver, participar, ter seu lugar nessa política sufocante de governo. Esse governo tem uma base fisiológica gigantesca que procura sufocar a minoria de oposição que está fora dessa órbita.
O confronto interno entre Serra e Aécio significa que o PSDB vai fazer prévias presidenciais?
Sem dúvida existem diferenças neste processo que ninguém pode negar. Sempre fui defensor de prévias e a favor da disputa. Levantei o assunto quando presidia o PSDB. De fato, quando houve disputa entre Serra e Alckmin, FHC, Aécio e eu tivemos que tomar a decisão. Vi ali que essa decisão de caciques está ultrapassada. Isso vinha da época dos cardeais tucanos que tinham poder absoluto no partido, pela liderança incontestável que tinham. Mas esta fase já passou. A fórmula envelheceu; está vencida
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