Álvaro Weyne: Praça homenageia antigo morador do bairro
Nem só com o nome de famosos, autoridades ou heróis são
batizadas as ruas e praças de Fortaleza. Pessoas comuns podem deixar
marcas profundas na comunidade onde viveram. Por isso, também merecem
ser homenageadas.
Esse é o caso de José Ribamar dos Santos,
que hoje dá nome a uma praça na rua Morumbi, no bairro Álvaro Weyne.
Graças ao trabalho e insistência dele, os moradores podem usufruir do
espaço para conversar, brincar com as crianças e, até mesmo, estender
roupas no varal.
No fim da década de 1960, a pequena rua
Morumbi era habitada por poucas casas. Um riacho passava aos fundos. O
mato e areia tomavam conta de um terreno localizado no centro da via.
Mais
ou menos nesse período, José Ribamar deixou a cidade de Paraipaba (a 93
km de Fortlaeza) para tentar a vida na Capital. Em 1973, ele casa-se
com Maria Aguiar - companheira de toda a vida. É ela quem narra toda a
trajetória de vida do marido.
José começou a cuidar do
terreno. Tinha cismado que ali deveria ser uma praça. Com os colegas,
arranjou um trator e fez um descampado. Até que uma invasão tomou conta
do local. Depois de muita luta, os barracos foram retirados e a
população voltou a construir a praça. Aos poucos, os moradores plantaram
árvores, colocaram bancos, improvisaram um meio-fio.
Até que
a Prefeitura de Fortaleza construiu, de fato, a praça - em formato
triangular. Hoje, os moradores queixam-se do abandono. “Quando ninguém
sabia da praça era muito bom. Ela era linda”, afirma dona Maria.
Ribamar
faleceu em 2001, aos 53 anos. Morou por mais de 30 anos no bairro
Álvaro Weyne. Recebeu uma homenagem mais do que justa dos demais
moradores pois, sem o esforço dele, provavelmente a praça não existiria.
Prefeito
O nome do bairro é
inspirado no ex-prefeito de Fortaleza Álvaro Weyne, que comandou a
cidade entre 1928 e 1930 e, depois, entre 1934 e 1936. Em matéria
publicada no O POVO nos Bairros, que visitou o bairro em 1994, é
informado que Álvaro Weyne era conhecido como “o prefeito das flores”.
Segundo o texto de Ivonilo Praciano, a fama é justificada pela
preocupação do ex-prefeito “com a arborização da cidade e de construir
nas praças públicas verdadeiros jardins floridos”.
Segundo o
presidente da Associação dos Moradores do Fim da Linha do Álvaro Weyne
(Amflaw), Gevacir Ferreira, o projeto O POVO nos Bairros foi um marco
importante para a comunidade. Nele, os moradores puderam resgatar a
própria história e comemorar, pela primeira vez, o aniversário do
bairro. “Hoje é uma festa tradicional, que reúne cerca de 15 mil
pessoas”, afirma o presidente. A comemoração acontece, sempre, no último
sábado de agosto.
Em 1994, as matérias chamavam a atenção
para a desigualdade existente no Álvaro Weyne. Enquanto grandes
indústrias existiam no bairro, 70% população era considerada carente.
Hoje, boa parte dessas empresas fechou as portas. “Foi um tempo de
prosperidade. Mas as indústrias saíram e ficou muita gente
desempregada”, recorda dona Maria Aguiar. Hoje, pode-se dizer que o
Álvaro Weyne tem um perfil mais residencial e comercial.
Reforma da praça
A
Secretaria Regional I informa que um fiscal será enviado hoje para
avaliar a situação atual da praça José Ribamar dos Santos. Depois disso,
é que poderá ser feito um projeto de reforma para o logradouro.
O POVO
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